Chacina de Unaí: julgamento dos réus é adiado mais uma vez após 12 anos dos crimes

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O julgamento dos réus do crime conhecido como chacina de Unaí, na região Noroeste de Minas, que resultou na morte de quatro auditores fiscais em 2004,  foi mais uma vez adiado nesta quinta-feira (22) na sede da Justiça Federal em Minas, em Belo Horizonte.

Os advogados dos réus reclamaram que novas provas foram adicionadas ao processo sem conhecimento prévio da defesa. O julgamento começou perto das 9h15 e por volta de 9h50 foi anunciado o adiamento. Já são quase doze anos desde o crime e nos últimos 11 anos a defesa apresentou 25 recursos que adiaram o julgamento.

Nesta quinta, sentariam no banco dos réus Noberto Mânica, acusado de ser o mandante do crime e José Alberto Costa, suspeito de ter intermediado a contratação dos pistoleiros para executar as vítimas. Eles devem ir a júri na próxima terça-feira (27).

O terceiro acusado do crime Antério Mânica, que é irmão de Norberto, e também é acusado de ser mandante do crime, será julgado no dia 4 de novembro.

O quarto réu, Hugo Alves Pimenta, acusado de contratar os executores, teve seu processo desmembrado logo no início da sessão. Ele também seria julgado nesta quinta (22), mas seu julgamento foi adiado para o próximo dia 10 de novembro. Seu advogado de defesa, Lúcio Adolfo, pediu para que ele fosse julgado separadamente por ser réu e também colaborador do processo.

Logo no início do julgamento, os advogados de defesa começaram a pedir o  adiamento do julgamento novamente já que, segundo o advogado de Norberto, Antônio Carlos de Almeida Castro novas provas foram adicionadas ao processo sem conhecimento prévio da defesa.

Segundo Castro, as provas seriam vídeos anexados na última segunda-feira (19) em um acordo de delação premiado entre Lúcio Adolfo e o Ministério Público Federal.

Os advogados de defesa dos dois réus ameaçaram sair do julgamento por não terem acesso aos vídeos. A acusação chegou a propor que eles assistissem o ídeo então na hora, porém eles não aceitaram.

O juiz Murilo Fernandes de Almeida chegou a relutar pelo adiamento, mas acabou cedendo. Segundo ele, todos devem estar cientes dos gastos com os familiares em Belo Horizonte.

“Quero que fiquem cientes das consequências da permanência de 100 pessoas na capital durante o fim de semana”, disse o juiz.

Revolta

Familiares das vítimas se revoltaram com o adiamento. Quando foi anunciado pelo juiz, muitas pessoas chegaram a gritar: “manobra, nós estamos indignados, não aguentamos mais que essa Justiça não faça esse julgamento”.

Antes do julgamento, eles já tinham protestado em frente à sede da Justiça Federal. Com faixas e cartazes, eles reclamaram da demora de 12 anos para o julgamento. Também exibiram as fotos das vítimas e pediram Justiça.

Entenda o crime

O crime ocorreu na manhã do dia 28 de janeiro de 2004, quando dois pistoleiros esperavam o auditor fiscal Nelson José a Silva em uma estrada da cidade. Sua morte estava encomendada por fazendeiros da região inconformados com a fiscalização do auditor.

A ordem era para assassinar também quem estivesse com ele e esse foi o destino dos auditores fiscais João Batista Lage, Erastótenes de Almeida Gonsalves e do motorista Ailton Pereira de Oliveira.

No mesmo período das mortes, Antério foi eleito e reeleito prefeito de Unaí, cumprindo oito anos de mandato. Ele e seu irmão Noberto eram conhecidos como os maiores produtores rurais com plantações em Unaí e no Paraná.

Protesto

Na última quarta-feira (22), a diretoria do Sindicato dos Vigilantes de Minas Gerais participou da manifestação realizada em frente à Justiça Federal, em Belo Horizonte, em que sindicalistas, servidores do Ministério do Trabalho e familiares dos auditores fiscais assassinados cobraram o julgamento imediato dos réus e a punição dos culpados.

Fonte: O Tempo e Imprensa do Sindicato.

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